Anithing to Say? - Chelsea uma mulher corajosa
Whistleblower. Chelsea é uma mulher transexual que nasceu em 1987 em Oklahoma - EUA. Trabalhou como analista de inteligência do exército americano durante a guerra do Iraque e vazou uma média de 750 mil documentos confidenciais do governo americano, sendo uma das maiores contribuidoras do acesso às informações sensíveis do estado e do wikileaks.
Foi presa entre os anos de 2010 e 2017, e depois novamente em 2019 por negar-se a testemunhar contra o fundador da wikileaks -Julian Assange.
"...patriotismo costuma ser elogiado quando atos moralmente questionáveis são defendidos por quem está no poder.
Quando esses gritos de patriotismo abafam qualquer discordancia baseada em lógica, é o soldado americano que geralmente recebe a ordem de realizar a missão mal concebida.”
Chelsea Manning
História
Chelsea se tornou uma das maiores porta-vozes do acesso universal à informação no nosso mundo atual.
Em 2009 com 20 anos de idade foi ao Iraque lutar pelo seu país - o heróico Estados Unidos da América – crendo que estaria entre pessoas responsáveis, honestas e competentes.
Decepcionou-se.
Viu que o exército é corrompido em suas várias frentes, que assassinaram indiscriminadamente civis iraquianos, que auxiliram na política de torturar quem contrariava o novo governo iraquiano, que manipulavam e escondiam os verdadeiros fatos da opinião pública.
Chelsea fez upload de muitas dessas informações escondidas e manipuladas pelo estado americano, ela usou um CD-RW com a etiqueta de “Lady Gaga” para copiar e levar pra casa os arquivos secretos “… ouvndo e dublando (a música) Telefone da Lady Gaga enquanto extraia possivelmente o maior vazamentos de dados da história americana.”
Cooperou com Julian Assange e deu força ao fenômeno Wikileaks – iniciativa que busca tornar publico o que tantos governos e empresas tentam esconder por debaixo do tapete.
Chelsea Manning foi presa em 2010 ao ser delatada por Adrian Lemo, um outro hacker em quem confiava. Foi condenada em 2013 à 35 anos de prisão, durante esse período foi torturada e chegou a tentar suicídio por duas vezes até ser liberta em 2017 após a comutação de sua sentença feita por Barack Obama.
Trans(gredindo) & Trans(formando)-se
Ao ser condenada a prisão em 2013 assumiu publicamente sua identidade pela primeira vez: “Sou Chelsea Manning. Eu sou mulher.”
Chelsea foi designada como homem ao nascer e ao longo de sua história passou por muitas dificuldades por isso. Quando tinha 13 anos contou a um colega de escola que era gay e ao longo de sua história passou por conflitos familiares, na escola, em trabalhos e no exército apenas por expressar sua orientação sexual. Quanto mais o tempo passou mais forte se tornou a necessidade de fazer uma transição de gênero.
Em 2009 e 2010 pediu a alguns conhecidos que a chamassem de Breanna, e contou ao seu supervisor por e-mail que tinha disforia de gênero, e que esse seria o seu “problema” dentro do exército.
Chelsea ainda sofreu para conseguir tratamento médico dentro da prisão, e passou por um grande período de tempo numa solitária sendo humilhada pelo sistema carcerário americano, o que gerou criticas dentro de mídias internacionais.
Após sair da prisão pode enfim realizar sua transição de gênero da forma que desejava.
Foi pré-candidata ao senado pelo partido democrata em 2018, teve um filme documentário - XY Chelsea - realizado contando sobre sua história e tem militado politicamente pela causa LGBT e do livre acesso à informação.
"Mas o que mais impressiona em Chelsea Manning é a sua perseverança. Em um tom humilde porém determinado, ela insiste em trilhar o que considera ser o caminho certo, mesmo correndo o risco de ser prejudicada. E foi com essa atitude que ela se tornou uma heroína para o movimento LGBT e muitas outras pessoas no mundo, não só por causa dos vazamentos, mas por lutar pelo direito de ser o que é e viver como um ser humano livre, mesmo nas condições mais opressoras.”
Glenn Greenwald
